Este
actual Estado, mais concretamente a cidade do Recife e arredores, já tinha
muitos povoadores portugueses, homens abastados,sobretudo do Norte, que se dedicavam à lavoura e tratamento do açúcar ou eram comerciantes mesmo antes das lutas contra os holandeses. Por isso
era um porto comercial de grande movimento e, segundo as listas dos barcos que
lá fundeavam ou traficavam existentes no Arquivo histórico Ultramarino, muitos
deles tinham o nome de Bom Jesus de Bouças. Por outro lado
existem registos de irmãos da Confraria do Bom Jesus ali residentes desde 1655 tendo
sido os primeiros Domingos Ramos e sua mulher. Estes e outros irmãos ali residentes pagavam as suas pensões à Confraria normalmente em açúcar
Após a
vitória contra os holandeses na guerra travada entre 1648/49 os pernambucanos construíram
uma capela a Nossa Senhora dos Prazeres da Vitória que posteriormente foi
substituída pela imponente igreja cuja história vamos ver e ouvir:
Bom Jesus de Bouças situado no altar-mor da igreja de Guararapes
no lado do Evangelho
Ainda como agradecimento foi decidido realizar, durante oito dias, a seguir
à Pascoa, uma novena a Nossa Senhora dos Prazeres da Vitória, também conhecida
como festa da Pitomba, como
actualmente se designa por se realizar na época em que abunda a fruta com esse
nome e que se realiza ainda hoje na semana a seguir à Pascoa
O primeiro dia da festa é dedicado à Nossa Senhora do
Rosário; o segundo, à Nossa Senhora dos Prazeres; o terceiro, à Senhora Santa
Ana; o quarto, a São Gonçalo; o quinto, ao Bom Jesus de Bouças;
o sexto, à Nossa Senhora da Soledade; o sétimo, à Nossa Senhora da Conceição;
e, o oitavo, ao deus Baco (?).
A dedicação do 5º dia desta festa, que decorre sem interrupção desde 1649,
ao Bom Jesus de Bouças prova que a devoção a esse Cristo,
levado para o Brasil pelos portugueses, já então tinha raízes. Por outras
palavras, o nosso Bom Jesus já estava presente no Brasil, concretamente em
Pernambuco, no momento da libertação daquele território. Martinho da Vila tem
um samba cuja letra nos lembra isso mesmo através de uma referência à festa da
Pitomba.
Esta vitória foi o primeiro momento de liberdade que o Brasil viveu. Saudando esse momento deixo aqui uma música de Martinho da Vila, alusivo ao acontecimento:
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